sábado, 19 de junho de 2010
Uma breve história...
Um lindo domingo de verão, o dia estava perfeito. Sol, basquete de rua na praça, amigos, passeio de moto. Dia em que se completava exatamente doze anos da morte dos Mamonas Assassinas 02/03/2008 (lógico que soube desse detalhe um ano após o acontecido). Por volta das 18 horas e 30 minutos, descia a avenida calmamente com uma colega na garupa da moto, conversávamos enquanto uma leve brisa batia em nossos rostos, paramos no cruzamento e...
(sirene de ambulância, pessoas querendo saber do acontecido, policiais, o irmão...)
- Vanderlei, o que aconteceu?
- Calma Larissa, você caiu de moto e machucou sua perna. Já estamos levando você pro Hospital.
Ficaram algumas horas no pronto socorro do hospital da cidade, enquanto aguardavam liberação de leito em alguma UTI da região. Muitas dores e, quatro anjos tiveram a missão de mantê-la acordada.
Algumas horas depois na ambulância rumo a Francisco Beltrão:
- Tia, to com sede... - E apenas recebia um algodão umedecido para molhar os lábios.
- Pai, dói “às costas”.
- Larissa, acorda... a gente já está chegando. Ouvia a voz muito distante da enfermeira Mariana pedindo para que ficasse acordada.
- Pai, to com sede, muita sede!
- Calma filha, já estamos chegando no hospital.
Assim que chegaram ao hospital, desentendimento com o diretor, pois ele não queria atendê-los, porém mantiveram a jovem na maca em uma sala de espera até o dia seguinte quando por um milagre divino surgiu uma vaga de UTI em Pato Branco. Antes de sair para Pato Branco, um grande amigo foi vê-la, a jovem sentiu-se muito feliz e confortada, pois era (ainda é) um amigo muito querido.
Mais alguns quilômetros de estrada, até a chegar ao próximo hospital. Lembra-se apenas de seu pai junto a sua cama, com os olhos cheios de lágrimas dizendo que ela ficaria bem. De acordar uma ou duas vezes e ver duas bolsas de sangue e um frasco de soro ligados as suas veias.
Sete dias depois, acorda em um leito d CTI do hospital São Lucas, um pouco assustada, pois não sabia onde estava. Tentava falar mas a voz não saia por causa de um procedimento chamado traqueostomia, o qual foi realizado por causa de uma grave infecção nos pulmões chamada SARA – Síndrome do Aparelho Respiratório Adulto – e da Embolia pulmonar que adquirira nos dias em que esteve em “coma” no CTI.
No décimo dia, acostumados a comunicar-se com a paciente por gestos, os enfermeiros, optaram por trocar a alimentação da paciente, já que a mesma havia sugerido.
Ainda não era claro a situação em que se encontrava, perguntava-se como aquilo poderia ter acontecido com ela, mas sentia-se bem, pois estava viva e cheia de vontade de viver.
Os dias no hospital já estavam se tornando insuportáveis, queria voltar pra casa, ver sua mãe, seu irmão, seus amigos... chorava todos os dias implorando ao médico para ir embora. Acreditava que sairia de lá andando, o no mínimo em uma cadeira de rodas, mas que em breve estaria passeando pelas avenidas de sua cidade com sua singela moto. Mas não foi o que aconteceu. Saiu do hospital em uma maca, retornaria na ambulância, veiculo do qual agora sentia medo, mas era preciso, pelo menos estava indo pra casa.
Para minha surpresa, um enorme cartaz de boas vindas e alguns amigos a esperavam na frente da sua casa, o choro foi inevitável...
A partir desse dia, ela soube que a guerra seria longa, e que as batalhas do dia a dia seriam necessárias para que se tornasse forte o suficiente para enfrentar a vida e todos os obstáculos que ela agora impunha. Muitas dificuldades estavam por vir, mas ela manteria a cabeça erguida e em cada tropeço, levantava e seguia em frente, como faz até hoje. E teve a certeza de essa guerra já era sua.
Meu nome é Larissa, tenho 22 anos e essa é parte da minha história. Assim como eu, espero que você não desista de viver, a vida é bela, mesmo em uma cadeira de rodas. Todos temos obstáculos em nossas vidas, depende de você enfrentá-los ou se deixar vencer. MSN/E-MAIL: larissazarth@yahoo.com.br.
(Publicado também em http://serlesado.blogspot.com/2010/06/historia-de-larissa-zarth.html)