A empresa de biotecnologia ACT (Advanced Cell Technology) anunciou nesta segunda-feira ter recebido sinal verde do governo para iniciar a segunda série de testes com células-tronco embrionárias humanas para tratar a cegueira, desta vez em pessoas mais velhas.
O teste avaliará a habilidade da terapia para tratar com segurança pessoas com um problema conhecido como degeneração macular senil, o tipo mais comum de perda irreversível da visão entre os doentes com mais de 60 anos.
Ainda não há cura para a doença, que afeta de 10 milhões a 15 milhões de americanos e outros 10 milhões de pessoas na Europa, acrescentou a empresa.
Teste vai avaliar terapia para degeneração macular senil, que leva à perda da visão entre pessoas com mais de 60 anos
A FDA (sigla em inglês de Food and Drug Administration), entidade que regula medicamentos e alimentos nos Estados Unidos, liberou, em novembro, a empresa sediada em Massachusetts para começar um teste similar com pacientes com uma forma progressiva de perda de visão juvenil, conhecida como doença de Stargardt.
"A ACT agora é a primeira empresa a receber o aval da FDA para dois testes com hESC (sigla em inglês para células-tronco embrionárias humanas) e agora é um verdadeiro líder transnacional no campo da medicina regenerativa", declarou Gary Rabin, presidente interino e chefe executivo.
"Representa um grande passo à frente, não apenas na área das células-tronco, mas potencialmente para técnicas modernas de cuidado com a saúde", continuou.
A companhia espera começar os testes clínicos nos Estados Unidos nos próximos meses e pretende procurar aprovação para testes similares na Europa. Os mercados americano e europeu para este tipo de tratamento soma de US$ 25 bilhões a US$ 30 bilhões, acrescentou a empresa.
TERCEIRO TESTE
O anúncio da ACT é o terceiro deste do tipo, depois que a empresa americana Geron inovou no ano passado com a primeira tentativa já feita para usar tratamento com células-tronco embrionárias em um paciente com lesão na medula espinhal.
A pesquisa com células-tronco embrionárias é um campo controverso desde que as primeiras células foram isoladas, mais de 12 anos atrás. Os críticos condenam a prática porque ela envolve a destruição de embriões humanos.
No entanto, os cientistas afirmam que estas células representam uma grande promessa no tratamento do mal de Parkinson, de diabetes e uma variedade de outras doenças.
Assim como em outros testes com pacientes humanos, o primeiro passo nos testes de fase 1 e fase 2 da ACT é saber se a terapia é segura, antes de ver se funcionam.
"Em uma cobaia com degeneração macular, vimos uma notável melhora no desempenho da visão com relação a animais sem tratamento, sem quaisquer efeitos colaterais", disse Bob Lanza, cientista chefe da ACT.
Doze pacientes participarão do estudo em vários locais nos Estados Unidos, incluindo a Universidade da Califórnia em Los Angeles (UCLA) e a Universidade de Stanford.
A terapia usa células do pigmento do epitélio retinal (RPE) derivadas de células-tronco embrionárias para substituir as células de RPE danificadas em pacientes com a doença.
A degeneração macular senil, tipo da doença que ocorre em 90% dos casos, causa a deterioração da visão central quando as células de RPE na mácula do paciente, no centro da retina, perdem a habilidade de funcionar.
Pacientes frequentemente experimentam um embaçamento no centro do campo de visão, enquanto a visão periférica permanece intacta.
"À medida que a população envelhecer, espera-se que dobre a incidência de denegeração macular senil nos próximos 20 anos, exacerbando esta necessidade médica, ainda sem solução", disse Lanza.